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Le banquet des empêchées (o banquete dos impedidos)

LE BANQUET DES EMPÊCHÉES conta a história dos ateliês de pintura em cerâmica, sem temática específica, realizados com 10 mulheres da prisão de Fresnes, perto de Paris


Date:
30 Novembro 2020
Ano :
2013
Localização :
Penitenciária Feminina, Fresnes

A partir do convite de Jean Luc Deschamps, diretor do “Departamento de Écartés” que compõe o departamento de filosofia da Universidade de Paris 7, a Associação Inscrire realizou ateliês de pintura em cerâmica com as mulheres da prisão de alta segurança de Fresnes, perto de Paris.
Françoise Schein e Lohana Schein visitaram a prisão duas vezes para compartilhar uma experiência única com as mulheres que haviam cometido grandes ou pequenos delitos. Leia abaixo um relato da experiência:

Na entrada de Fresnes tivemos que deixar as mochilas, os telefones, jóias e objetos pessoais. Em seguida, passamos pelas grades e pelo sistema de detecção de metal, como no aeroporto. Atravessamos um pátio pavimentado com o material da associação, andamos 6 passos e paramos de novo em frente a uma grade. Com a segunda grade liberada, entramos no “hall” central com seus corredores divididos em dois pisos onde ficam as celas. Uma rede fica esticada no primeiro andar para evitar os suicídios.

O prédio é quente e iluminado, com pisos limpos. As portas batem, fazendo um barulho alto. Mulheres grandes e bonitas são as guardas, elas têm pernas imensas e estão vestidas em azul marinho. Em nosso ateliê, localizado no térreo em uma grande “cela”, 7 mulheres entraram, uma delas inglesa, que não ficou muito tempo porque estava muito emotiva.

No restante do grupo tem três mulheres bascas e foi explicado para nós que elas eram terroristas do ETA. Elas são inteligentes e tiveram acesso à educação, claramente as mais habilidosas do grupo.
Uma delas, a mais velha, pintou uma flor e disse: “Vocês têm razão, a cerâmica é para as mulheres, porque assim que as soltamos na mesa, elas ficam quietas, sem se mexer”. Mais tarde, ela perguntou como ela poderia aprender mais sobre a técnica e onde é possível comprar o material. Respondemos que mais tarde ela poderia repetir esse trabalho se quiser.
Uma simpática mulher africana e cristã fervorosa, nos disse que tinha dois filhos. Perguntamos então qual era a idade deles. A resposta foi: “um deles nasceu morto e o outro morreu com 4 meses! É o destino. Mas quando me perguntam se eu tenho filhos, como eu os carreguei na barriga, falo que tenho dois”.
Laetitia tem três filhos que ela nunca tem a chance de encontrar. Ela não vê eles muito mas fez um azulejo para cada um, como presente de Natal.
Mélanie, loira e simpática, pintou um porco espinho rodeado pelo nome de seus filhos, para quem ela pretendia dar o azulejo de presente. Ela nos contou que passaria ainda 15 anos na prisão. Yannick, uma mulher forte e pintora habilidosa, fez um gato do Palácio da Fronteira em Lisboa.

Chegamos às 14h e partimos às 17h30, os guardas nos permitiram ficar mais 30 minutos porque as mulheres estavam muito contentes.
Fizemos o caminho de volta. No dia seguinte colocamos os azulejos no forno e voltaríamos depois para entregá-los a elas.

Entregamos as peças para as mulheres, mas uma semana mais tarde descobrimos que a diretora não havia permitido que elas ficassem com os azulejos, porque, de acordo com ela, eles poderiam ser utilizados como armas. Insistimos para que elas pudessem ficar com eles, mas não recebemos resposta. Fizemos uma pasta de papel com as obras para que, mesmo assim, cada uma pudesse guardar uma lembrança de sua experiência e de seu trabalho.

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Département de Philosophie de l’université Paris 7

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Lohana Schein

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